segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Passe Livre



(Aujourd’hui, maman est morte. Ou peut-être hier, je ne sais pas. – Albert Camus)

O rapaz perguntou onde ficava a cultura e agradeceu.
Andou mais um pouco pelo lado esquerdo sentido Consolação
parou no semáforo
viu o boneco vermelho.

Seu passo livre atravessou a faixa...

Ao fundo
uma banda de jovens se apresenta
e o público sentado na calçada canta baixinho:
“I wanna hold your hand.
I wanna hold your hand”.

Uma criança segura outra no colo
pede um jogo de fraldas
sorri
põe o bebê no chão da farmácia.


O bebê aprendeu a andar.
Inquieto
esbarra em tudo que está no chão
e aponta incansável
repetida
pausada
- mente:

“Esse... esse...
Esse... esse...”

Sorrindo
a criança maior a redireciona pelo corredor
e avisa ao benfeitor que o bebê quer chão
que o bebê quer andar.

Enquanto isso
ao fundo
ainda se escuta o refrão final da banda jovem:
“I wanna hold your hand.
I wanna hold your hand”.

A tropa de choque cortou o corredor
fez uma barreira
soltou bombas de efeito moral
balas de borracha.

Recolha as crianças do chão das farmácias.

sábado, 15 de novembro de 2014

Alipio

(a Alipio Freire)

A expectativa que tenho das coisas
sentado neste auditório vermelho
destintado
como corredor de hospitais:

criar memória
retomar o espectro
trabalhar
desobstruir o corredor hospitalar
(pelo menos encaminhar os doentes aos quartos)

pintar
seguir enfrente.

Escolhas sintagmáticas
escolhas paradigmáticas
darão o tom
sobre o corte
sobre o ódio
outro recorte.

Ao meu redor tudo é sintomático.

domingo, 17 de agosto de 2014

Enfermidade/ Enfermedad

Enfermidade

O que mais mata é a geografia

1

Na África subsaariana .
em apenas 6 meses
como um campo de extermínio
a epidemia mata mais de mil crianças.

2

ALERTA!

Fecha-se a fronteira
nos aeroportos fecha-se a fronte
e faz-se controle de pragas.

3

É PRECISO FAZER CAMPANHA DE CONSCIENTIZAÇÃO:

A disseminação da notícia
- epidemia informacional –
alerta os civilizados.

4

É PRECISO TRATAR:

Controla-se o fluido
controla-se a hemorragia
interna.
O antibiótico:

no esquecer acomodam-se camas coletivas
no esquecer acomodam-se carnes coletivas
deixa-se sangrar como covas coletivas
salas-covas abertas de hospitais

5

EPITÁFIO:

sem luvas
sem batas
sem álcool
sem água.

A vida vale
de acordo com o vale-vida.



DESPOESIA:

Na África subsaariana
nos últimos seis meses

mais de mil crianças morreram
pela epidemia

mais de cento e noventa e três mil
como um deságue
uma diarreia

mais de duzentos e oitenta e oito mil
mais de duzentos e noventa e oito mil
mais de quatrocentos e vinte e oito mil
de pneumonia, malária e tráfico.

Um oito infinito
como infinita é a nossa maldade
e o nosso egoísmo.

Enfermedad

Lo que más mata es la geografía

1

En África subsahariana
murieron más de mil niños.

En solamente 6 meses
como un campo de exterminio
la epidemia mató más de mil niños.

2

ALERTA

Se cierra la frontera
en los aeropuertos la fronte ha sido cerrada
y el contról de plagas hecho.

3

ES NECESARIO HACER CAMPAÑA DE CONCIENCIACIÓN:

La diseminación de la noticia
- epidemia informacional –
alertó a los civilizados.

4

ES NECESARIO TRATAR:

Se controla el fluido
se controla la hemorragia
interna.
se contola el antibiótico:

en el olvido se acomodan las camas colectivas
en el olvido se acomodan las carnes colectivas
dejar sangrar como cuevas colectivas de hospitales
salas-cuevas abiertas de los hospitales

5

EPITAFIO:

sin guantes
sin batas
sin álcohol
sin agua

-no existe vacuna
o tratamiento efectivo
cuando el beneficio
no generará renta-.

La vida vale
de acuerdo con el vale-vida.

6

DESPOESIA:

En África subsahariana
en lo os últimos 6 meses

más de mil niños murieron
por la epidemia

más de ciento noventa y trés mil
como un desague
una diarrea

más de doscientos ocheenta y ocho mil
más de doscientos noventa y ocho mil
más de cuatrocientos veinte y ocho mil
de neumonia, malaria y tráfico.

Un ocho infinito
como infinita es nuestra maldad
nuestro egoísmo.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Poema desaparecido / Poema desaparecido

Poema desaparecido

Não se sabe de onde vem
80 por cento inexplicada
a claridade desconhecida
universo e escuridão.

O espectógrafo não sabe
mas a pesquisa interessa
Digno de notações
luz sem souvenirs.

Talvez venha da matéria escura
da matéria escura que liga o universo
das coisas
do cosmo.

Essa matéria escura
escura como floresta fechada
escura como natureza humana.
escura como caverna profunda no pulmão.


Poema desaparecido

No se sabe de donde vino
80 por ciento sin explicación
la claridad desconocida
universo y oscuridad.

El espectógrafo no lo sabe
pero la pesquisa interesa
Digno de notaciones
luz sin souvenirs.

Quizá venga de la materia oscura
la materia oscura que liga el universo
de las cosas
del cosmos.

Esa materia oscura
oscura como floresta profunda
oscura como naturaleza humana.
oscura como caverna profunda en e pulmón

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A mis amigos latinoamericanos

Perdónanos....

Antes todo era más fácil
me bastava una llanta
un poco de água parada
o sentarme delante de todo
y un ordenador apareciame

La tela moviase delante de mí
como palabras algoritmos
todo se movia y mi percepción
y la física y las humanidades
como um nuevo conocimiento de niño.

Hoy, delante de este ordenador
veo melindre
números gastados
prejuicio cólera
água sucia en la orilla.

La palabra extremada
pétalos de tempestades
llanuras de odio
crecen en el paisaje
como gritos sin amor

?Qué importa la historia
qué importa el amor?
Nada ha pasado
y un futuro sórdido nos aguarda
como una verdad feroz.

Nos hemos quemado los libros.
Nunca hubo esclavitud
golpes o tiranos.
Tampoco hay pensamientos anteriores
por lo que no hay que compreenderselos.

La decisión ya viene tomada
Las decisiones anteriores
las disciplinas sociales
la rosa roja y las grandes pasiones
nada importa.

Importa la certidumbre
planeada con anticipación
importada
única semilla
monocultora.

El grito exasperarse
la bandada la jauría
la sincronia autoritaria
el abucheo al dialogismo
o a todo que sea diacrónico.

Sin memoria
sin horizonte o colectivo
solamente el mirar horizontal
la propia gana
sentada en una pequeña alfombra.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Fruticultura / Fruticultura

Fruticultura

Fruto da criação de Gutemberg
como campo fértil encontrado
as palavras vão a ti
terra plana, profícuas.

O arador em dias de sol
(ou de acordo com a viragem do tempo)
semeia-te
semeia-te de acordo com a produção .

Se hoje vendem maçãs
tuas palavras serão maçãs
mas se porventura a Apple Fruit vir à bancarrota
queimarás a terra e amaciarás o solo.

Tudo para preparar a produção que virá.
Tudo às palavras planas
e à realização da terraplanagem
ao mesmo ofício

o esmo mesmo sabor
as revestidas velhas frutas
fruto do mesmo labor
essa atividade noturna.

Fruticultura

Fruto de la creación de Gutemberg
como campo fértil encontrado
las palabras se van hacia ti
tierra plana profícuas.

El arador en los dias de sol
(o de acuerdo com el viraje del tiempo)
semeate
semeate de acuerdo com la producción.

Si hoy venden manzanas
tus palabras serán manzanas
pero si ventura la Apple Fruit venirse a bancarrota
quemarás la tierra y ablandarás el suelo.

Todo para prepararse la producción que vendrá.
Todo y las palabras planas
y a la realización de la excavación de tierra
al mismo oficio

al azar mismo sabor
las revestidas viejas frutas
fruto del mismo labor
esa actividad noturna.

terça-feira, 24 de junho de 2014

O canto/ El canto

O canto

Além-fronteira
o canto conduz
qual cobre
qual amor de corpos.

Tal qual plantio
da subterra
emerge o canto
a colheita o olvido:

toda terra aterrada
toda raiz esquecida
todo tronco maldito
doença sangue elipse.

Além-mutismo
o canto
reflete em outras frontes
sua existência de infinita.

El canto

Allá de la frontera
el canto conduce
como cobre
como amor de cuerpos.

Tal y como el plantío
de la subtierra
emerge el canto
la cosecha el olvido:

toda tierra aterrada
toda raiz olivdada
todo tronco maldito
emfermedad sangre elipsis.

Allá del mutismo
el canto
refleja en otras fuentes
su existencia infinita.

sábado, 14 de junho de 2014

Nova Poética / Nueva poética

Nova poética

(...la memoria es lo que resiste al tiempo
y a todos los poderes de destrucción) Ernesto Sábato


Todo dia me levanto
e vejo Ernestos
e vejo Nicolás
e vejo Neruda.

Todo dia me levanto
e vejo Gelman
Benedetti
Dalton.

Todo dia me levanto e vejo Vallejo

E todos eles são eu

2

Em Drummond e sua rosa do povo
sei-me internacional como rosa erguida.

3

A rosa ganhou cor.
Foi insuficiente a polícia.
Há muito que o asfalto foi rompido.

Todos os midas
e suas bolsas de valores catastróficas.
Todos os midas
e suas preocupações de comerciante
Todos os midas
e seus modi vivendi
e seus modi operandi.
Sem medo.
Este ar condicionado
já não nos condiciona.

A nova poética urge.
Ela não voltará ao passado
de cativeiro e metro fechado
de homem sozinho no escuro
de voz baixa no espaço.
O verso já não tem preço.

A raiva nos coliseus não nos representa.

Seus gritos raivosos
seus polegares pra baixo
sua arrogância imperial
não nos representa.

4

A nova poética se impõe
universal.

Ecos de Sandino
ecos de Martí
ecos de Bolívar
ecos de Zapata
ecos andinos
ressoam em nossos corpos.

Prestes a vencer
país a país
passo a passo
traço a traço
sem métrica pré-fixada
somente a voz livre

a voz carnívora.
a voz mineral
que retoma o próprio destino
que vem de baixo rotunda
infernal forte uníssona.

Nueva poética

(...la memoria es lo que resiste al tiempo
y a todos los poderes de destrucción)


Todos los días me llevanto
y veo Ernestos
y veo Nicolás
y veo Neruda.

Todos los días me llevanto
y veo Gélman
Benedetti
Dalton.

Todos los días me llevanto y veo a Vallejo.

Y todos ellos son yo.

2

En Drummond y su rosa del pueblo
yo me lo sé internacional como rosa erguida.

3

La rosa ha ganado color
Ha sido insuficiente la policía
Hace mucho que el betún se rompió.

Todos lo midas
y sus bolsas de valores.
Todos los midas
y sus preocupaciones de comerciante.
Todos los midas
y sus modus vivendi
y sus modus operandi
Sin miedo.
Este aire acondicionado
ya no nos acondiciona.

La nueva poética urge.
Ella ya no volverá al pasado
de cautiverio y metrificación cerrada
de hombre solo en la oscuridad
de baja voz en el espacio.
El verso ya no tiene precio.

La rabia en los coliseos ya no nos representa.

Sus gritos rabiosos
sus pulgares hacia abajo
su arrogancia imperial
ya no nos representa.

4

La nueva poética se impone
universal.

Ecos de Sandino
ecos de Martí
ecos de Bolívar
ecos de Zapata
ecos andinos
resonan en nuestros cuerpos.

Preste a vencer
país a país
paso a paso
trazo a trazo
sin métrica ya fixada
solamente la voz libre

la voz carnívora
la voz mineral
que retoma el propio destino
que viene de abajo, rotunda
infernal fuerte unísona.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Talk Show / Talk Show

Talk Show

(Ao Carlos Biasoli)

Atrás de trinta anos atrás
roqueiros em declínio
fazem declarações franquistas
como gregas coberturas abobadas de concreto.

Na busca do espetáculo
dispõem-se a talk shows
e outros médios execráveis
propícios a circo grotesco:

propício ao fascismo fascinante
como um Tea Party regional
como no fundo de palco
faz a turba pra consumo público.

Na lona pobre os clowns destilam tragédias
Na lona
os pobres clowns destilam tragédias
em patéticas atuações de cinismo.

Revivals decadentes
eco de ecas
sacos fúnebres
imploram espaço no vomitorium

e com a mediocridade de classe
corrompem-se ao jogo
e sapientam bueiros, bostas
bostas dentro de seus esgotos.


Talk Show

(a Carlos Biasoli)

Tras treinta años atrás
rock stars en declinación
hacen declaraciones franquistas
como griegas coberturas abobadas de concreto.

En la búsqueda del espetáculo
disponense a talk shows
y otros medios execrables
propicio al circo grotesco

propicio al fascismo fascinante
como a un Tea Party regional
como en el fondo del escenario
hace la turba para el consumo público.

En la lona los pobres clowns destilan tragedias
En la lona
los pobres clowns destilan tragedias
en patéticas actuaciones de cinismo.

Revivals decadentes
ecos de ecas
bolsas fúnebres
imploran espacio en el vomitorium.

y con la mediocridad de clase
corrompense al juego
y sapientan cañeria, boñida
boñidas adentro de sus cañerias.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Pronunciamento / Pronunciamiento

Pronunciamento

1

A poesia não adere ao coro dos lobos em pele de cordeiro
mesmo com a corda no pescoço
não será parole de déspota midiático;
à poesia presa tiroteio
palavra de velho rançoso.

2

Poesia como o diabo:
demonização e não ademonia
frente rente enfrente.
poesia política
menosamar o polido
contra tudo o que for estéril etéreo

poesia para destituir os céus
arrebentar o sacro pão
pela mão que faz mesa e o pão
poesia esquerda
convulsiva e epiléptica
poesia de deseducação.

Pronunciamiento

1


La poesía no se adapta al coro de los lobos en piel de cordero
mismo com la cuerda en el cuello
no será parole de un déspota midiático;
a la poesía encarcelada el tiroteo
palabra de viejo con rancio.

2

Poesía como el diablo:
demonización y no ademonia
frente rente enfrente
poesía política
menosamar el pulido
contra todo lo que sea esterilidad etérea

poesía para destituir los cielos
reventar el sacro pan
por la mano que hace la mesa y el pan
poesía izquierda
convulsiva y epiléptica
poesía de deseducación.