Consulto as enciclopédias
E nada vejo. Vejo fatos
Históricos, ideologias
De líderes mundiais,
Gente importante,
E nada vejo. Apenas fatos.
Ações perdidas no espaço,
Na maioria das vezes,
Sem lições praticadas.
Nada se aprende, nada
Se apreende. Apenas fatos.
A enciclopédia continua falha,
Falida idéia de apenas
Registrar os acontecimentos
Históricos dos seres fálicos.
Páginas amarelas, emboroladas,
Juntam pó no porão. A luz
Inexiste na escuridão mofada.
Não guio-me pelo olhar,
Vou tateando o corrimão.
Por onde andará o meu amor ?
Observação: Este poema já tinha sido publicado, não é um poema inédito. Entretanto, nunca o achei tão atual quanto agora.
Filipe Peres
Blogue de Poesia.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Impotência de Orfeu

Na encosta, na
paisagem de seu
fracasso, Orfeu,
no frio úmido
das águas barrentas,
desolado,
contempla Orfeu
entre a lama:
tudo lhe escapara.
Sua lira jaz
soterrada
no barro molhado.
Não fora capaz
como outrora
de frear as águas.
Seu canto,
não tinha sereias
naquele mar,
fora mudo
para a audição
do deus.
Não podia
a Netuno,
às nereides
a Tritão, pedir.
Não conheciam
aquelas águas.
Qual Psique
sua casa
desaparecera.
Eurídice morrera
possuída
pela saturação
do solo.
Ele não poderia
descer a buscá-la,
nada havia
para entrar.
A lama tomara tudo.
As almas do Hades
estavam à vista
nos corpos
que fugiam de seus
caixões à mostra
como canhões
apontando
insistentemente
para o céu.
Doente, Orfeu
lembrava-se
dos argonautas
e meditava
sobre o velocino
de ouro.
Traria proteção
para aquela gente?
Não.
Seria outro bezerro
outra divindade
de ouro.
Poderia provocar
a fúria do Deus
cristão
e um dilúvio maior,
de quarenta dias.
O solo saturado
continuava a descer
sobre as rochas.
Orfeu, imóvel,
na tempestade, sem tempo
para se defender
sem tempo
para a defesa
civil,
impotente, apenas
aguardava
por Eurídice.
As Musas choraram
mas suas lágrimas
desapareceram
na enchente
no dilúvio
na lama.
Caso alguém o enterre,
por favor,
tire uma foto sua
e do local do enterro
para que o reconheçam
e possam chorá-lo
para terem na lembrança
a imagem dos feitos
de Orfeu.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Descobertas e confirmações

Descobriram que o vírus HIV já tem um século de vida. Segundo a revista "Nature", a primeira pessoa contaminada pelo vírus ocorreu em 1908. A hipótese mais provável é a de que tenha vindo de uma tribo do Congo que costumava comer carne de macaco. Além de devoradores de símios, as pessoas desta tribo eram açougueiros. Com isso, o sangue dos macacos respingava nas mucosas e em feridas abertas. Aí, o que seria inofensivo para nossos parentes mais próximo se tornou uma epidemia para nós na década de 80. Como o vírus é mutante, até hoje estamos correndo atrás dele e, quanto mais corremos, mais ele se fortalece.
*
Outra coisa que se alastra como um vírus é o atentado ao sufrágio universal. Não estou falando de grandes atentados, das ditaduras que percorrem o mundo, estou falando dos pequenos, como as gotas de sangue infectada dos símios do início do século, aqueles que ocorrem no dia-à-dia. No último dia 5 foi o dia de votação para prefeito e vereadores municipais e, apesar da lei que proíbe a boca-de-urna, vários candidatos desfilaram com os seus carros de som a todo vapor. Os mais discretos, apenas mandavam parar os carros em frente às escolas para deixar o rosto e o número bem visíveis.
Em Dumont, duas pessoas foram presas. Uma tentava corromper pessoas dando pirulitos em troca do voto - coitada da pessoa que se corrompe. O outro não corrompia, apenas aliciava as pessoas carimbando o seu nome e número na mão das pessoas e mandando votar nele. O que mais surpreendeu-me é a sua pouca idade: 20 anos. Teoricamente, representa a nova geração. Cabe a pergunta: Se no início de sua carreira política, um candidato já começa aliciando, coagindo as pessoas a votar em si, o que acontecerá depois que sentar em sua cadeira? Sim, sentar em sua cadeira de legislador pois, com certeza, ele deve ter ficado preso até as 17:00 e poderá assumir, apesar do processo, a sua cadeira na Câmara Municipal em 2009.
Apesar disso, as pessoas afirmam que o respectivo jovem é uma pessoa de muita ética. Quem sou eu para duvidar? Faço minhas as palavras do poeta:
[...] Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração. [...]
Provavelmente este jovem seja a reprodução genuína dos valores éticos desta nova geração. Eu não sei.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Foro Privilegiado
O caso SATIAGRAHA prova mais uma vez que a justiça ainda não é a mesma. A libertação de Daniel Dantas pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, mostra que há um foro privilegiado para os poderosos neste país. Caso parecido já havia ocorrido com o ex-
banqueiro Salvatore Cacciola. Ou as pessoas já se esqueceram que a sua fuga ocorreu após ser solto pelo então ministro do Superior Tribunal Federal, juiz Marco Aurélio Mello (parente do ex-presidente Fernando Color de Mello)?
Enfim, parece que Cacciola está voltando para o país, mas o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Gomes de Barros, já concedeu uma liminar que impede a polícia federal de algemar o distinto senhor.
Já li na imprensa críticas à “espetacularização” das ações da PF. Falam em Direitos Humanos, força desnecessária etc. Mas quando o preso algemado é um ladrão de banco tudo bem. O que eles chamam de espetacularização deveria ser enfatizado como exemplo para aqueles que pensam em enriquecer ilicitamente.
banqueiro Salvatore Cacciola. Ou as pessoas já se esqueceram que a sua fuga ocorreu após ser solto pelo então ministro do Superior Tribunal Federal, juiz Marco Aurélio Mello (parente do ex-presidente Fernando Color de Mello)?Enfim, parece que Cacciola está voltando para o país, mas o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Gomes de Barros, já concedeu uma liminar que impede a polícia federal de algemar o distinto senhor.
Já li na imprensa críticas à “espetacularização” das ações da PF. Falam em Direitos Humanos, força desnecessária etc. Mas quando o preso algemado é um ladrão de banco tudo bem. O que eles chamam de espetacularização deveria ser enfatizado como exemplo para aqueles que pensam em enriquecer ilicitamente.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Poema a Bautista Vidal
Ontem à noite
enquanto comia pizza
descobri Bautista Vidal:
Bautista Vidal bradava
aos quatro ventos
que 67%
das ações da Petrobrás
pertencem a estrangeiros.
E Bautista Vidal
bradava
aos quatro ventos
que estão vendendo
a terra brasileira
que estamos perdendo a vida
e a soberania.
E Bautista Vidal
bradava
que a Petrobrás pode vender o barril do petróleo a 20 dólares
mas que vende o barril
do petróleo
através de um acordo com o governo
sem pormenores
a 140 dólares.
E Bautista Vidal bradava
revoltado
que o Brasil é o único continente tropical
que o Brasil é um país-mundo
e que o Brasil é um país mudo.
E Bautista Vidal bradava
que este é o ocaso
do tempo
do petróleo
e que a potência hegemônica está brava
e que por isso
vai entrar no México
e que por isso
vai entrar na Venezuela.
E que, porque o nosso presidente é um títere,
e o próximo também será
(assim como o anterior também o foi)
continuará
a comprar as nossas terras.
E seremos lançados num bolsão de miséria
e o conflito no Oriente Médio se expandirá
para um conflito global
(e que este será
o nosso obscuro futuro)
porque o preço do petróleo, senhores
uma hora chegará
a 340 dólares
sem penhores.
Mas o Brasil criará uma aposentadoria especial para jogadores veteranos que foram campeões na Copa do mundo de 1958
e um dia de sol produz mais energia do que todo o petróleo
do mundo, senhores.
Me desculpem,
mas este poema não tem condensação
nem a plurissignificação
característica.
Este poema, senhores,
foi um tiro no escuro.

enquanto comia pizza
descobri Bautista Vidal:
Bautista Vidal bradava
aos quatro ventos
que 67%
das ações da Petrobrás
pertencem a estrangeiros.
E Bautista Vidal
bradava
aos quatro ventos
que estão vendendo
a terra brasileira
que estamos perdendo a vida
e a soberania.
E Bautista Vidal
bradava
que a Petrobrás pode vender o barril do petróleo a 20 dólares
mas que vende o barril
do petróleo
através de um acordo com o governo
sem pormenores
a 140 dólares.
E Bautista Vidal bradava
revoltado
que o Brasil é o único continente tropical
que o Brasil é um país-mundo
e que o Brasil é um país mudo.
E Bautista Vidal bradava

que este é o ocaso
do tempo
do petróleo
e que a potência hegemônica está brava
e que por isso
vai entrar no México
e que por isso
vai entrar na Venezuela.
E que, porque o nosso presidente é um títere,
e o próximo também será
(assim como o anterior também o foi)
continuará
a comprar as nossas terras.
E seremos lançados num bolsão de miséria
e o conflito no Oriente Médio se expandirá
para um conflito global
(e que este será
o nosso obscuro futuro)

porque o preço do petróleo, senhores
uma hora chegará
a 340 dólares
sem penhores.
Mas o Brasil criará uma aposentadoria especial para jogadores veteranos que foram campeões na Copa do mundo de 1958
e um dia de sol produz mais energia do que todo o petróleo
do mundo, senhores.
Me desculpem,
mas este poema não tem condensação
nem a plurissignificação
característica.
Este poema, senhores,
foi um tiro no escuro.
domingo, 25 de maio de 2008
Rapidinha 2

Outro projeto voltado para a área da educação a ser votado também na terça-feira, 27 de maio, é o que exige uma freqüência mínima de aulas para aprovação no ensino superior. Com certeza, vai ter muita universidade particular reclamando.
Outra constatação é a de que muitos jogos de truco e muitas cervejadas serão prejudicadas com esta medida.
Rapidinha

Saiu na edição que vai de 26 de maio a 1º de junho de 2008, no Jornal do Senado. O senador Cristovam Buarque (PDT- DF) quer obrigar os pais a participarem de reuniões escolares. O parlamentar pretende fazer isto relacionando a participação ao recebimento do programa Bolsa-Escola. Já está comprovado que uma escola cujos pais participem da vida escolar do filho tende a obter melhores resultados sócio-pedagógicos.
O projeto será votado na terça-feira, 27 de maio, às 11:00 da manhã. Quem puder acompanhar, acompanhe. Quem não puder, torça para que seja aprovado porque, atualmente, a escola está sendo tratada como deposito de seres humanos, creche para adolescentes. É preciso responsabilizar também os pais pela educação que dão aos filhos. Afinal de contas, enquanto escola e sociedade não falarem a mesma língua, dificilmente a situação educacional do país irá mudar.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Totalitarismo Silencioso

No início desta semana, circulou a notícia de que a Inglaterra criará um banco de dados que gravará conversas telefônicas e armazenará trocas de mensagens através de correios eletrônicos. A intenção é prevenir possíveis tentativas de ataques terroristas. A proposta ainda precisa ser aprovada pelo parlamento inglês, entretanto, a elaboração do projeto e a sua discussão já evidenciam que isto é uma questão de tempo.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, em seu artigo décimo terceiro, assegura o direito à privacidade: [...] “ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar e na sua correspondência”. A criação deste banco é claramente uma violação a este parágrafo. Porém, o mais grave ainda pode estar por vir. Este sistema que, no discurso, está sendo criado para proteger e servir a população poderá vir a ser usado, em um futuro próximo, para violar outros artigos da mesma Declaração: o terceiro, o décimo oitavo e o décimo nono. Ou alguém ainda duvida que a liberdade de pensamento e a liberdade de opinião e expressão desaparecem numa situação de conflito de interesses? Será que o inglês governo não usará esta ferramenta para espionar possíveis opositores?George Orwell, em sua obra “1984”, denuncia o totalitarismo através da construção da imagem do Big Brother. Este, para vigiar seus cidadãos, dizia-se irmão deles, cuidando-os, zelando pela sua segurança. 
A opressão pode ter várias máscaras. No teatro grego, as personagens cobrem os rostos e inventam um discurso para criar um efeito de verossimilhança e, desta forma, fazer surgir o efeito de sentido. O problema é que, ao contrário dos espetáculos da Antigüidade Clássica, a mensagem que surgirá desta encenação não provocará catarse e, tampouco, emergirá da forma mas, apenas, o discurso em seu plano superficial.
Por uma coincidência do destino, Orwell nasceu na Índia quando este país ainda era colonizado e explorado pela Inglaterra.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, em seu artigo décimo terceiro, assegura o direito à privacidade: [...] “ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar e na sua correspondência”. A criação deste banco é claramente uma violação a este parágrafo. Porém, o mais grave ainda pode estar por vir. Este sistema que, no discurso, está sendo criado para proteger e servir a população poderá vir a ser usado, em um futuro próximo, para violar outros artigos da mesma Declaração: o terceiro, o décimo oitavo e o décimo nono. Ou alguém ainda duvida que a liberdade de pensamento e a liberdade de opinião e expressão desaparecem numa situação de conflito de interesses? Será que o inglês governo não usará esta ferramenta para espionar possíveis opositores?George Orwell, em sua obra “1984”, denuncia o totalitarismo através da construção da imagem do Big Brother. Este, para vigiar seus cidadãos, dizia-se irmão deles, cuidando-os, zelando pela sua segurança. 
A opressão pode ter várias máscaras. No teatro grego, as personagens cobrem os rostos e inventam um discurso para criar um efeito de verossimilhança e, desta forma, fazer surgir o efeito de sentido. O problema é que, ao contrário dos espetáculos da Antigüidade Clássica, a mensagem que surgirá desta encenação não provocará catarse e, tampouco, emergirá da forma mas, apenas, o discurso em seu plano superficial.
Por uma coincidência do destino, Orwell nasceu na Índia quando este país ainda era colonizado e explorado pela Inglaterra.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Simples, objetivo e direto.
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