Na quase morte
o homem vê as luzes se apagarem
a estrada desaparecer
e a impotência se impor.
Na solidão do sentir-se inútil
a estrada
os amigos
o grande amor
não estão presentes.
O homem se vê cego
pesado no vento vazio.
Não há ternura.
A agudez da morte finca na alma
como lâmina enferrujada.
E o depois é tremedeira
convulsão
olhos virando na alma
desassossego
olhos velando a alma.
Na quase morte não se pode esperar
a compreensão do grande amor.
Como Atlas
o homem carrega o mundo nas costas
mas entre suas espáduas
e o mundo
há uma lâmina enferrujada
a perfurar-lhe a carne
a cada movimento de salvação
ou de perdão.
O homem, na dor, estático:
Só a dor e a agudez
da lâmina perfurando-lhe
são verdadeiras.
Sem esperança.
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