quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Post Mortem

Na quase morte
o homem vê as luzes se apagarem
a estrada desaparecer
e a impotência se impor.

Na solidão do sentir-se inútil
a estrada
os amigos
o grande amor
não estão presentes.

O homem se vê cego
pesado no vento vazio.

Não há ternura.
A agudez da morte finca na alma
como lâmina enferrujada.

E o depois é tremedeira
convulsão
olhos virando na alma
desassossego
olhos velando a alma.

Na quase morte não se pode esperar
a compreensão do grande amor.

Como Atlas
o homem carrega o mundo nas costas
mas entre suas espáduas
e o mundo
há uma lâmina enferrujada
a perfurar-lhe a carne
a cada movimento de salvação
ou de perdão.

O homem, na dor, estático:
Só a dor e a agudez
da lâmina perfurando-lhe
são verdadeiras.

Sem esperança.

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