sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Perfeição

lembro-me da bagunça em meu quarto:
minha cama desarrumada
meus sapatos virados
as roupas no chão, amassadas
dos dias de preguiça
em que não quis dobrar minhas roupas
apenas deitar e dormir
e esperar que me acorde em negligência amorosa
a cama sempre revirada
os sapatos pro alto
e nossos corpos atados
numa leveza flórea

hoje, em meu quarto,
vejo uma distância porosa:
a cama sempre arrumada
os sapatos no armário
a roupa na gaveta, passada
e tudo arrumado
numa relação parcimoniosa
sem sustos nem improvisos
sem fendas para o amor ou a dor
erguida em segurança pétrea.

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