sábado, 18 de agosto de 2012

Abismo

(a Lucas Arantes, Giba Freitas e André Mendes)

Um homem qualquer
olhos, boca, nariz, dedos
tenta se distrair.
As flores já não atravessam o asfalto
e a polícia venceu sob o sol quente.

*

Vê e ignora (ou evade)
o que bate à porta:
a tempestade sem calmaria
o ponto sem vírgula
aquilo que tem relevância
a aorta que leva o sangue
o ser o sangue.
Tudo trancado fora da caixa
chovendo fortes
sobre sua telha de alumínio.

E às camadas de propaganda
às especulações imobiliárias
às vistas dos prédios altos
com medo do silêncio
como luz brilhante
em cidade escura
deixa-se planar.

Nenhum comentário: