quarta-feira, 6 de abril de 2011

Pensar em Poesia Distante (à Dani Morais)

...um sopro que leve o papel
palavra sem instante
abraço residente
e fazer a vontade presente
se materializar.

O que em pensamento presente
O que em corpo ausente
se sente e edifica
são braços de Apolo desesperado.

Se a Dafne os braços já cresciam
deixa-me um abraço apertado
e o sorriso umedecido
para tê-la sob meu resguardo

para aquecer-me
nesta distância
e diminuir o que me incomoda:
esta ânsia
este espaço vago.

*

A palavra não dita
pelo hálito.
O toque não tocado
pela epiderme.
A lembrança ainda não lembrada
pela imagem compartilhada

e o som
o som doce de tudo isso
que pode ser.

*

Ser lavrador e cavar
a terra.

Ser lavrador e arar
a terra.

Ser lavrador e saber esperar:
esperançar.

*

Arar com palavras
e revolver o corpo
sem enxadas.

Fazer da palavra
o cabo e a pá
e a mão labrega

para cavar no tempo
o sol e a chuva precisa

e receber com paciência
e ter esperança
de terra vermelha
molhada

e coração de boa estação.

Um comentário:

Mariana Rodrigues disse...

O palavra é a manifestação do corpo, quando nao encontramos o que o coração procura .
adorei o poema