...um sopro que leve o papel
palavra sem instante
abraço residente
e fazer a vontade presente
se materializar.
O que em pensamento presente
O que em corpo ausente
se sente e edifica
são braços de Apolo desesperado.
Se a Dafne os braços já cresciam
deixa-me um abraço apertado
e o sorriso umedecido
para tê-la sob meu resguardo
para aquecer-me
nesta distância
e diminuir o que me incomoda:
esta ânsia
este espaço vago.
*
A palavra não dita
pelo hálito.
O toque não tocado
pela epiderme.
A lembrança ainda não lembrada
pela imagem compartilhada
e o som
o som doce de tudo isso
que pode ser.
*
Ser lavrador e cavar
a terra.
Ser lavrador e arar
a terra.
Ser lavrador e saber esperar:
esperançar.
*
Arar com palavras
e revolver o corpo
sem enxadas.
Fazer da palavra
o cabo e a pá
e a mão labrega
para cavar no tempo
o sol e a chuva precisa
e receber com paciência
e ter esperança
de terra vermelha
molhada
e coração de boa estação.
Um comentário:
O palavra é a manifestação do corpo, quando nao encontramos o que o coração procura .
adorei o poema
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