Ontem à noite
enquanto comia pizza
descobri Bautista Vidal:
Bautista Vidal bradava
aos quatro ventos
que 67%
das ações da Petrobrás
pertencem a estrangeiros.
E Bautista Vidal
bradava
aos quatro ventos
que estão vendendo
a terra brasileira
que estamos perdendo a vida
e a soberania.
E Bautista Vidal
bradava
que a Petrobrás pode vender o barril do petróleo a 20 dólares
mas que vende o barril
do petróleo
através de um acordo com o governo
sem pormenores
a 140 dólares.
E Bautista Vidal bradava
revoltado
que o Brasil é o único continente tropical
que o Brasil é um país-mundo
e que o Brasil é um país mudo.
E Bautista Vidal bradava
que este é o ocaso
do tempo
do petróleo
e que a potência hegemônica está brava
e que por isso
vai entrar no México
e que por isso
vai entrar na Venezuela.
E que, porque o nosso presidente é um títere,
e o próximo também será
(assim como o anterior também o foi)
continuará
a comprar as nossas terras.
E seremos lançados num bolsão de miséria
e o conflito no Oriente Médio se expandirá
para um conflito global
(e que este será
o nosso obscuro futuro)
porque o preço do petróleo, senhores
uma hora chegará
a 340 dólares
sem penhores.
Mas o Brasil criará uma aposentadoria especial para jogadores veteranos que foram campeões na Copa do mundo de 1958
e um dia de sol produz mais energia do que todo o petróleo
do mundo, senhores.
Me desculpem,
mas este poema não tem condensação
nem a plurissignificação
característica.
Este poema, senhores,
foi um tiro no escuro.
Um comentário:
Grande Filipe! Este poema, como todos os escritos de seu blog, tem um toque inteligentíssimo de política. Isso é maravilhoso.
Às vezes, escrever é um ato solitário, como eu já te disse, eu tenho alguns poemas de pé-quebrado. Porém, preferi escrever algo sobre cidades, é um assunto que gosto de escrever. Para mim, um lazer. Se quiser dar uma espiada: www.sobrecidadeselugares.blogspot.com.
Valeu. Um grande abraço!
Alexandre.
Postar um comentário